2 de fevereiro de 2011

De quais juventudeS estamos falando?

A noção mais geral e usual do termo refere-se a uma faixa de idade que intermedeia a infância e o mundo adulto, etapa em que não se é mais criança, mas que se prepara para o mundo das responsabilidades, isto é, do adulto. Do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo ou intelectual, a adolescência caracteriza-se pela aparição de profundas mudanças qualitativas na estrutura do pensamento.
Todavia, devemos compreender que essa é uma categoria construída socialmente e como nos inspira a pensar Dayrell (2002), ela ganha contornos próprios em contextos históricos, sociais e culturais instintos, e é marcada pela diversidade nas condições sociais (origem de classe, por exemplo), culturais (etnias, identidades religiosas, valores, etc) de gênero e, até mesmo, geográficas, dentre outros aspectos.
Enquanto etapa de transição a juventude combina inúmeras tensões entre as quais uma é privilegiada nesse trabalho, trata-se da dicotomia entre casa/família X rua/amigos. Como na nossa sociedade essa transição não é precisa, não é claramente demarcada, ao contrário de outras sociedades que adotam rituais para simbolizar essa “etapa”, o jovem acaba ganhando uma conotação ambígua marcada principalmente pela negatividade. É vista como etapa difícil, etapa conturbada, de rebeldia, individuação, crises e tensões. Não é a toa que o adolescente vira “aborrecente” gerando um preconceito em relação a esses jovens e suas manifestações de sociabilidade, por exemplo. Mas, por outro lado o jovem é também o futuro do país, ele pode fazer a diferença e nesse sentido, traz a esperança e perspectivas que a geração anterior não conseguiu realizar.
Nesse sentido é preciso repensar essa categoria de juventude e outra categoria interessante para pensar essas questões é empreendida pelo professor Juarez Dayrell, trata-se da condição juvenil, pois um jovem da zona rural não tem a mesma significação etária que um jovem da cidade, Como ele aponta, a condição juvenil é mais que a maneira de ser ou situação de alguém perante a vida, a condição juvenil também refere-se as circunstancias necessárias para que se verifique essa maneira ou situação.
Dessa maneira precisamos distinguir duas dimensões imersas nessa ideia, que é o modo como uma sociedade constitui e atribui significado a esse momento do ciclo da vida, ou seja, como tal condição é vivida a partir dos diversos recortes referidos às diferenças sociais – classe, gênero, etnia, etc. Portanto, a idade se transforma conforme se modifica o jeito de estar no mundo dos sujeitos. Essa transição pode ainda ser compreendida como um movimento e que permite inúmeras possibilidades e experimentações. Isso também, se dá pela pluralidade de juventudes e de condições juvenis e a “não-linearidade” das transições à vida adulta revela que já não há uma causa/efeito dessas transições.

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