Presença ou ausência? |
Os caminhos trilhados por este trabalho buscaram problematizar a visão que permeia o senso-comum de que as privações, ausências de equipamentos urbanos e da ação social do Estado são os únicos definidores da vida da e na periferia. Para compreender suas complexidades, realizamos estudo etnográfico do Bairro dos Pimentas, uma região da cidade de Guarulhos que é classificada pelos jornais, discursos populares e movimentos sociais como periférica.
A pesquisa buscou perceber como os atores sociais articulam suas trajetórias específicas à identidade do bairro em seus discursos e práticas, e como suas interações fazem dos pimentas, O Pimentas, um bairro construído a partir de relações que vão além da sobrevivência e que o singulariza. Nesse sentido, buscamos refletir sobre as relações de identidade e alteridade construídas no bairro, resgatando a memória da região e as relações de sociabilidade entre seus moradores, que se mostraram reveladoras das experiências urbanas que permeiam o cotidiano dos moradores no bairro estudado. Articulado ao trabalho etnográfico realizamos diversos ensaios fotográficos, que foram fundamentais no sentido de perceber paisagens, evocar recordações, situações e lugares que não estão apenas no que é dito, mas que estão inscritos nos corpos, gestos e na memória, ou seja, nas relações e sentidos de quem vive nos Pimentas. As imagens do bairro de ontem e de hoje foram trazidas para a pesquisa no intuito de provocar uma interlocução que problematize um primeiro discurso já conhecido por todos que moram aqui ou não: o discurso da periferia carente e ausente.
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